Guerra interna escancara a incapacidade de Valderico Junior governar Ilhéus

 

A gestão municipal de Ilhéus está em colapso, e nem é mais segredo. Em menos de quatro meses de governo, o prefeito Valderico Júnior já enfrenta um cenário de desordem interna, vaidades em conflito e total ausência de liderança. O episódio recente envolvendo o vereador Tandick Resende e o diretor da Maramata, Thiago Martins, expôs o que muitos já temiam: a prefeitura virou um campo de guerra, onde cada um age por conta própria e o chefe do Executivo assiste calado, sem pulso e sem controle.

O vereador Tandick, que faz parte da base aliada do prefeito, teve a coragem que falta a muitos. Usando suas redes sociais, ele denunciou o desrespeito às regras na distribuição dos peixes da Semana Santa. Segundo o vereador, o diretor da Maramata ignorou os critérios definidos pela própria prefeitura e entregou peixes a pessoas que não estavam cadastradas, um ato claramente voltado à autopromoção.

A consequência foi desastrosa. A distribuição desregrada fez com que faltasse peixe em vários bairros, e quem passou dias na humilhação de enfrentar filas para se cadastrar e depois para receber  voltou para casa de mãos vazias. Uma vergonha. A prefeitura não apenas falhou em organizar a ação como permitiu que ela fosse usada como palanque político.

Mesmo assim, a resposta do governo foi tímida, e burocrática. Uma nota oficial foi lançada afirmando que tudo foi feito dentro da legalidade. Um gesto claro de omissão, típico de uma gestão perdida, que prefere fingir normalidade enquanto o caos se instala.

Mas o escândalo ganhou um novo e ainda mais grave capítulo. O diretor da Maramata, Thiago Martins, resolveu se apropriar da nota oficial da prefeitura e republicou o conteúdo em suas redes sociais, afirmando que aquela nota  originalmente divulgada como um comunicado geral à população, era uma resposta direta ao vereador Tandick. 

Ou seja, além de se promover com uma ação pública mal executada, agora distorce uma nota institucional para alimentar ainda mais o conflito político. Uma atitude inaceitável para quem ocupa cargo público, que fere o princípio da impessoalidade na administração e revela total despreparo para a função.

Essa guerra interna revela algo gravíssimo: Ilhéus está sendo governada por um time desorganizado, onde ninguém sabe quem manda, quem obedece ou sequer qual é o rumo da gestão. O resultado? O povo sofre, enquanto os bastidores da política local viram palco de disputa de vaidades.

Mas no meio do caos, uma atitude merece ser reconhecida: a do vereador Tandick Resende. Mesmo sendo da base do prefeito, ele se recusou a se calar diante de um erro evidente. Sua coragem em denunciar o desrespeito às regras e defender a população precisa ser destacada. Tandick mostrou que compromisso com o povo está acima de interesses partidários.

Se Valderico Junior não tomar as rédeas da própria gestão, o mandato vai afundar antes mesmo de começar. E quem paga por essa guerra de egos, omissões e distorções é, como sempre, o povo de Ilhéus.